sábado, 31 de maio de 2008

Pelas ruas de Portugal...


"O meu olhar"


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás.

E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem.
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras.

Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo.
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender.

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos[...]

(Alberto Caeiro)

1 comentários:

Unknown disse...

Texto perfeito e a sua cara!!!
Saudades de andar por aqui... eis a correria que me furta os prazeres davida!!!
Saudades de uma amiga amada que está se aventurando em um mundo novo de imagens, sons e muitas letras!!!
Deus continue te abençoando amiga. Te vejo em breve, espero...